terça-feira, 29 de dezembro de 2009

PODEMOS AMAR MAIS DE UM ?

Quando amar mais de um é normal
"O amor e o sexo estão entre as principais causas de um grande sofrimento das pessoas, tirando miséria, tirando doença. As pessoas gastam um tempo enorme de suas vidas sofrendo por amor". Assim a psicanalista Regina Navarro Lins define o atual momento amoroso da sociedade ocidental. Autora do best-seller A cama na varanda e de mais sete livros que abordam o amor, ela se dedica a cerca de 15 anos ao debate das questões amorosas. Nessa entrevista ela fala sobre o fim do amor romântico, o início do poliamor e o futuro das relações amorosas modernas.
Eu acho que o amor romântico dá sinais de que está saindo de cena. A mudança das mentalidades é lenta e gradual, não acontece de uma hora para a outra. Então, o amor romântico ainda existe, os ideais dele começaram no século XII e ganharam força no século XIX. É um amor idealizado, é um amor que você acredita que vai se completar na relação com outra pessoa, é um tipo de amor que prega a fusão entre os amantes, e que existe apenas no Ocidente. O ocidental ama estar amando, se apaixona pela paixão, aquela exaltação. E o amor romântico é calcado na idealização do outro. Você inventa uma pessoa, você conhece uma pessoa e atribui a ela características de personalidade que você gostaria de ter ou gostaria que ela tivesse, depois, na vida cotidiana, você fica reclamando da pessoa o tempo todo, querendo que ela se transforme para se encaixar naquilo que você idealizou.
O amor é uma construção social, em cada época as pessoas amam de um jeito. No momento, o amor romântico está saindo de cena porque nós estamos vivendo uma época em que se observa a busca da individualidade, algo que eu não acho negativo, é até positivo, pois a grande viagem do ser humano, hoje, é pra dentro de si mesmo, cada um quer saber das suas possibilidades, cada um quer desenvolver seu potencial. Por isso aquela ética do sacrifício pelo outro, que você tem que ceder, tem que se sacrificar pelo outro, pregada pelo amor romântico, é incompatível com o atual estágio da sociedade. Então, me parece que um novo tipo de amor está começando a surgir e o amor romântico está saindo de cena. O mais importante dessa saída de cena dele é que ele está levando consigo a exigência de exclusividade, porque ele está batendo de frente com os anseios contemporâneos, a busca da individualidade, pois o amor romântico prega o oposto, ele prega a fusão dos amantes, a exclusividade total, ele prega que um amante só tem olhos para o outro, nada no mundo interessa além da pessoa amada, nada tem sentido se o amado não estiver junto. O amor romântico traz a expectativa de que quem ama não deseja mais ninguém, quem ama não tem tesão por mais ninguém, uma série de equívocos nos quais as pessoas passaram a acreditar há bastante tempo, porque nós somos regidos por esse mito do amor romântico, e você vê isso nas novelas, no cinema, na música e em tudo mais. Felizmente, o amor romântico dá sinais de sua saída de cena e digo felizmente porque nele você não se relaciona com a pessoa real, você se relaciona com a pessoa que você criou.

Casar é o sonho de nove entre cada dez mulheres, e não é preciso recorrer a nenhum instituto de pesquisa para confirmar tal constatação, basta observar o modo como elas organizam sua vida, para ter, finalmente, o grande dia. Mas, entre os homens, o casamento, geralmente não é uma prioridade. De acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2007, para cada quatro casamentos registrados no Brasil, um terminou em divórcio. Entretanto, curiosamente, o número de pessoas que se casam no país tem aumentado a cada ano. "A instituição casamento é ainda a mais importante de todas", afirma o psicólogo Alexandre Bez, especialista em relacionamentos pela Universidade de Miami e em ansiedade e pânico pela Universidade da Califórnia. Nessa entrevista, o psicólogo e analista, que atende em consultórios desde 1993, diz que o casamento, ao contrário do que muitos pensam, não possui o poder de melhorar as relações.